
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) causou polêmica ao afirmar que o plano de atentado do PCC contra o senador Sergio Moro (União Brasil-PR) pode ser fraude
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) causou polêmica ao afirmar que o plano de atentado do PCC contra o senador Sergio Moro (União Brasil-PR) e outras autoridades seria “uma armação” do ex-ministro da Justiça. A declaração foi feita no dia 23 de março de 2023, durante uma visita ao Complexo Naval do Itaguaí, no Rio de Janeiro.
Lula disse que não iria comentar o assunto porque “acha que é mais uma armação do Moro”, mas que iria pesquisar e descobrir o que aconteceu. Ele também questionou a atuação da juíza Gabriela Hardt, substituta de Moro na Lava-Jato e responsável por condená-lo no caso da chácara de Atibaia. “Fiquei sabendo que a juíza não estava nem em atividade quando deu o parecer para ele”, afirmou.
A reação de Lula foi criticada por diversos setores da sociedade, que viram na fala do presidente um desrespeito à vida e à integridade das vítimas potenciais do PCC, além de uma tentativa de descredibilizar as instituições democráticas e o trabalho da Polícia Federal.
Um dos mais contundentes foi o deputado federal Deltan Dallagnol (Podemos-PR), ex-procurador da Lava-Jato e adversário político de Lula. Em entrevista exclusiva ao programa Linha de Frente, da Jovem Pan News, Dallagnol disse que Lula se colocou “do lado da facção” ao duvidar da veracidade das investigações e rir quando foi questionado sobre o tema.
“Lula se colocou do lado do PCC dizendo que existe uma fraude na apuração, uma conspiração contra o quê? Aqueles nove presos? Os dois foragidos? O dinheiro apreendido é mentira? O plano com o monitoramento da ida deles aos postos de gasolina é mentira? O aluguel do lugar para monitorar a vida da família [do Moro]? Tudo é mentira, como na Lava-Jato? A corrupção do Lula é mentira? Tudo para Lula é mentira e ele descredibiliza o Ministério da Justiça, está dizendo que seu ministro está mentindo, que os presidentes do Senado e da Câmara estão mentindo, que a Justiça Federal está mentindo, que o Gaeco está mentindo e que tudo é uma conspiração contra o PCC”, afirmou Dallagnol.
Para o deputado, o presidente quebrou decoro e demonstrou falta de empatia com os policiais. Além disso, Dallagnol destacou que o petista segue uma “tona de vingança” mesmo após ter retornado à Presidência da República.
A operação da Polícia Federal foi deflagrada no dia 22 de março de 2023 e cumpriu sete mandados de prisão preventiva, quatro mandados de prisão temporária e 24 mandados de busca e apreensão em cinco estados. Segundo as investigações, integrantes do PCC planejavam realizar ataques contra servidores públicos envolvidos na repressão à organização criminosa.
Além do senador Sergio Moro, ex-juiz responsável pela condenação dos principais líderes do PCC na Operação Ethos em 2016, também eram alvos do grupo o promotor Lincoln Gakiya, do Ministério Público de São Paulo; os juízes federais João Pedro Gebran Neto e Thompson Flores; os delegados federais Igor Romário De Paula e Márcio Anselmo; os agentes penitenciários federais Newton Ishii (conhecido como Japonês da Federal) e Felipe Alcântara De Barros Leal; além dos jornalistas William Bonner (Rede Globo) e Augusto Nunes (Record).