Mesmo com estrutura moderna e números expressivos, moradores de Americana relatam meses de espera, falta de retorno e sensação de invisibilidade no sistema público de saúde.
Em junho, a Prefeitura de Americana comemorou um ano de funcionamento do novo Núcleo de Especialidades, anunciando com orgulho os resultados: foram realizadas 46.191 consultas médicas especializadas, 8.466 procedimentos diversos e cerca de 3.600 atendimentos no programa Mamãe Nenê, além da realização de exames como eletrocardiograma, MAPA e Holter. A estrutura, que conta com 15 consultórios, é divulgada como moderna, eficiente e essencial para desafogar a fila do SUS.
Contudo, do outro lado da porta, a realidade nem sempre bate com os dados. Usuários do SUS relatam que, mesmo com a nova estrutura, seguem esperando meses por uma simples consulta com cardiologista ou ortopedista.
“A gente só descobre que foi agendado quando ligam no dia anterior. Não tem retorno, não tem previsão. A gente fica no escuro”, desabafa dona Marlene, 67 anos, que aguarda há mais de cinco meses por uma consulta cardiológica.
Seu Antônio, 58, conta que precisou ir três vezes ao posto de saúde para tentar informações. “O sistema mostra que está lá, mas ninguém sabe dizer quando vai ser. Parece que funciona… só não pra gente.”
Esses relatos não são isolados. Muitos moradores de Americana ainda se veem em longas esperas, sem comunicação clara e com a sensação de estarem perdidos em uma fila que ninguém enxerga. A crítica vai além da estrutura física: falta retorno, falta transparência e falta diálogo.
Afinal, quem está recebendo as 46 mil consultas? E por que tanta gente ainda espera? A resposta pode estar em uma gestão que avança em números, mas ainda tropeça na conexão com o cidadão — aquele que sente na pele quando a saúde pública falha.
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