Acordo polêmico entre Lula, Maduro e MST levanta dúvidas sobre cooperação agrária e riscos de guerrilhas na fronteira
Essa preocupação não é nova. Em 2014, um acordo semelhante entre os governos venezuelano e brasileiro foi alvo de críticas, com acusações de que poderia representar uma ameaça aos interesses internos do Brasil. Na época, o então deputado Ronaldo Caiado chegou a afirmar que o acordo tinha mais a ver com a formação de milícias do que com a cooperação agrícola.
A recente aproximação entre os governos de Nicolás Maduro, da Venezuela, e Luiz Inácio Lula da Silva, do Brasil, tem gerado intensos debates e levantado preocupações sobre as implicações dessa parceria. Um dia antes de Maduro anunciar a entrega de cerca de 180 mil hectares de terras agrícolas ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), o governo brasileiro assinou um acordo bilateral de cooperação técnica em agricultura com a Venezuela.
Esse acordo, publicado no Diário Oficial da União (DOU) quarta-feira(12), foi publicado um memorando de entendimento – instrumento jurídico que registra acordos internacionais – instituindo cooperação técnica entre o Itamaraty e três ministérios venezuelanos que atuam na agricultura produtiva, alimentação e com as comunidades e movimentos sociais., inclui iniciativas como o desenvolvimento da produção familiar, controle de pragas e programas de sustentabilidade na fronteira amazônica.
Embora o texto do acordo não mencione o MST diretamente e não preveja repasse financeiro entre os países, críticos apontam para possíveis desdobramentos políticos e ideológicos. A entrega de terras ao MST foi descrita por Maduro como parte de um “projeto cooperativo, humano”, envolvendo movimentos camponeses, indígenas e militares, com o objetivo de incentivar a produção agroecológica. No entanto, opositores temem que essa parceria possa abrir espaço para a formação de grupos de guerrilha na fronteira entre os dois países, alimentando tensões regionais e atendendo interesses estratégicos de ambos os governos.
Essa preocupação é agravada pelo fato de que muitos países vizinhos não reconhecem a legitimidade do governo de Nicolás Maduro, questionando a lisura de suas eleições e a transparência de seu regime. O Brasil, por sua vez, adotou uma postura cautelosa em episódios anteriores, evitando tomar posições firmes sobre a legitimidade do governo venezuelano. Apesar disso, os “velhos amigos” Lula e Maduro continuam a firmar parcerias estratégicas, reacendendo debates sobre os reais objetivos dessa aliança.
Em 2014, um acordo semelhante entre os governos venezuelano e brasileiro foi alvo de críticas, com acusações de que poderia representar uma ameaça aos interesses internos do Brasil. Na época, o então deputado Ronaldo Caiado, hoje Governador, chegou a afirmar que o acordo tinha mais a ver com a formação de milícias do que com a cooperação agrícola.
Ele destacou que a formação de milícias ou grupos guerrilheiros na fronteira deveria ser uma preocupação não apenas sua, mas de todo o Congresso Nacional, dada a gravidade das implicações para a segurança e a soberania do país.
A relação entre o governo Lula e o regime chavista se intensificou desde o retorno do petista à presidência. o MST, aliado histórico do governo, tem recebido atenção do Planalto, incluindo remanejamentos orçamentários significativos. No entanto, o movimento também mantém uma agenda de pressão, promovendo invasões e protestos em prol da reforma agrária.
A união entre os dois líderes, frequentemente criticados por suas posturas autoritárias, levanta questões sobre os reais objetivos dessa parceria. Seria essa cooperação um esforço legítimo para promover o desenvolvimento sustentável ou um disfarce para fortalecer alianças ideológicas e estratégicas na região? A resposta a essa pergunta continua a dividir opiniões e a alimentar o debate público.
