
A declaração de Putin foi feita no sábado (25/03), um dia depois de ele acusar a Otan de ter planos agressivos contra a Rússia.
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, causou indignação internacional ao anunciar que seu país instalará armas nucleares táticas em Belarus, seu principal aliado na região. Segundo Putin, o acordo foi feito com o presidente belarusso, Alexander Lukashenko, e visa a garantir a segurança da Rússia diante das supostas ameaças da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte).
A declaração de Putin foi feita no sábado (25/03), um dia depois de ele acusar a Otan de ter planos agressivos contra a Rússia e de violar o equilíbrio estratégico na Europa. O líder russo afirmou que as armas nucleares táticas são uma resposta legítima à instalação de mísseis americanos na Polônia e na Romênia, que fazem parte da aliança militar ocidental.
As armas nucleares táticas são aquelas que têm um poder destrutivo menor do que as armas nucleares estratégicas e que são usadas para fins específicos em um cenário de guerra. A Rússia possui cerca de 2 mil dessas armas, enquanto os Estados Unidos têm cerca de 500. Ambos os países mantêm essas armas em seus próprios territórios, mas os Estados Unidos também as posicionam em alguns países aliados na Europa, como Alemanha, Bélgica, Holanda, Itália e Turquia.
A decisão de Putin de colocar armas nucleares táticas em Belarus foi vista como uma provocação e uma escalada perigosa da tensão na região, especialmente em relação à Ucrânia, que vive um conflito armado com separatistas pró-Rússia desde 2014. Belarus faz fronteira com a Ucrânia e é considerado um aliado estratégico de Moscou.
A reação mais forte veio da própria Ucrânia, que pediu uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU para discutir a “chantagem nuclear” do Kremlin. O Ministério das Relações Exteriores ucraniano disse que espera ações efetivas dos países membros do conselho, especialmente dos que possuem armas nucleares, para neutralizar a ameaça russa. O secretário do Conselho de Segurança Nacional e Defesa da Ucrânia, Oleksiy Danilov, acusou o Kremlin de tomar Belarus como um “refém nuclear” e de desestabilizar o país.
A Otan também condenou a declaração de Putin e disse que ela representa uma retórica nuclear “perigosa e irresponsável”. O secretário-geral da aliança, Jens Stoltenberg, afirmou que a Otan não tem intenção de atacar a Rússia nem de implantar novas armas nucleares na Europa. Ele disse que a Otan busca o diálogo com a Rússia para reduzir os riscos de um confronto e para promover o controle de armamentos.
A União Europeia (UE) também se manifestou contra a decisão de Putin e disse que ela viola as obrigações internacionais da Rússia e mina o sistema de segurança global. A chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, afirmou que a UE está pronta para impor mais sanções à Rússia se ela continuar com suas ações desestabilizadoras na região.
Os Estados Unidos, por sua vez, minimizaram as preocupações sobre o anúncio de Putin e disseram que ele não muda o equilíbrio militar na Europa. O porta-voz do Departamento de Estado americano, Ned Price, disse que os Estados Unidos estão comprometidos com a segurança dos seus aliados na Otan e que continuarão a buscar o diálogo com a Rússia sobre questões estratégicas.