
Governo insiste em elevar impostos enquanto ignora a necessidade urgente de cortar gastos públicos e reduzir privilégios estatais
Por Jorge Ramos
Muito se fala em “justiça tributária” quando governos de viés progressista tentam reformar a estrutura de arrecadação do Estado. A retórica soa nobre: quem ganha mais, paga mais; quem ganha menos, paga menos; e os mais vulneráveis ficam isentos. Mas por trás desse discurso reside uma estratégia política mais profunda — e talvez menos generosa.
A proposta do presidente Lula de aumentar a alíquota do IOF, voltada para instituições financeiras, fintechs e plataformas digitais, foi apresentada como uma forma de financiar gastos públicos sem comprometer áreas essenciais do orçamento. No entanto, esse movimento levanta um alerta legítimo: o enfraquecimento da autonomia financeira da sociedade em favor de um Estado mais centralizador e intervencionista.
Não se trata apenas de “quem paga a conta”, mas de que tipo de sociedade estamos construindo. Em vez de criar políticas que incentivem o crescimento econômico sustentável e a emancipação financeira dos cidadãos — como o fomento ao empreendedorismo, à inovação e à liberdade de mercado — o governo recorre ao aumento da carga tributária sobre setores produtivos.
A consequência prática é o nivelamento por baixo: pune-se quem prospera, mas pouco ou nada se faz para que os que ganham menos possam ascender por esforço próprio. E, talvez pior, mantém-se uma massa de cidadãos reféns da dependência estatal, em vez de capacitá-los a conquistar liberdade econômica.
Uma alternativa viável — e, de fato, urgente — seria enfrentar com coragem o real problema: o inchaço do setor público e os gastos ineficientes. Cortar privilégios, revisar despesas improdutivas e reduzir estruturas estatais pouco eficazes pode liberar recursos para investimentos sociais e econômicos, sem sufocar quem gera riqueza.
Queremos um país onde o Estado seja enxuto, mas forte onde precisa ser; um país onde o cidadão confie mais em sua própria capacidade de prosperar do que em políticas de redistribuição paternalista. Isso é justiça de verdade: dar ao povo os meios, não as migalhas.
Jorge Ramos é jornalista, comentarista político, articulista e cronista, consultor financeiro e securitário, graduado em Administração/Gestão Pública e pós-graduado em Direito Constitucional.
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