
A captura eficiente do suspeito de matar um policial militar em Cubatão reacende a discussão sobre a diferença no empenho das autoridades quando as vítimas são agentes de segurança pública versus cidadãos comuns
A prisão do autor do homicídio de um policial militar em menos de 24 horas evidencia um padrão já observado em outros casos. Enquanto crimes contra policiais geram respostas rápidas e estruturadas, assassinatos de civis nem sempre seguem a mesma lógica.
Neste caso específico, o suspeito já era procurado por um homicídio cometido em 2021, mas sua captura foi acelerada após o assassinato do PM. O uso de câmeras de monitoramento e denúncias anônimas permitiu que os investigadores rastreassem o veículo onde ele estava e realizassem a prisão antes que ele cruzasse a fronteira para o Paraguai.
Esse fenômeno não é novo. Há precedentes de operações intensificadas quando as vítimas são policiais. O assassinato de um PM em Guarujá, por exemplo, gerou uma grande ação para prender os responsáveis. Isso levanta um questionamento legítimo: existe uma justiça seletiva, que mobiliza recursos em maior escala para proteger membros da corporação, mas nem sempre se aplica com a mesma intensidade em crimes contra cidadãos comuns?
Fatores institucionais podem explicar essa discrepância, como a hierarquia da Polícia Militar e a necessidade de manter a moral da tropa. Contudo, para garantir que a segurança pública seja verdadeiramente eficaz e justa, é essencial que a resposta das autoridades seja proporcional e rápida em todos os casos, independentemente da vítima.
Este debate é fundamental para fortalecer a confiança da população nas instituições de segurança e para garantir que a justiça não seja vista como um privilégio de grupos específicos, mas como um direito essencial de todos os cidadãos.
Por Jorge Ramos, Jornalista, comentarista político, articulista, consultor financeiro e securitário, graduado em administração/gestão pública e pós-graduado em direito constitucional.
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