Carlos Lupi defende servidores do INSS e admite demora para coibir fraudes bilionárias

O ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, defendeu a equipe do INSS neste domingo (27), em entrevista ao jornal O Globo, após denúncias sobre o aumento de descontos associativos não autorizados em aposentadorias.

A Polícia Federal realizou uma operação na semana passada para investigar desvios superiores a R$ 6 bilhões entre 2019 e 2024. Lupi destacou que, entre os investigados, cerca de 190 são de associações e apenas 10 a 15 do INSS, enfatizando que há pessoas sérias e comprometidas no órgão, apesar de casos de má conduta. Ele admitiu estar ciente das denúncias, mas justificou a demora nas ações devido à burocracia governamental, afirmando que “o tempo no governo não é o tempo de uma empresa privada”.

O ministro negou omissão e afirmou que tomou medidas, como solicitar relatórios e demitir o diretor responsável. Ele explicou que os descontos associativos são uma prática antiga, frequentemente alvo de denúncias na Ouvidoria.
Após alerta da conselheira do CNPS, Tônia Galleti, em junho de 2023, Lupi solicitou investigações ao então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, e ao diretor de Benefícios, André Fidelis. Como Fidelis não apresentou o relatório esperado, foi substituído por Vanderlei Barbosa, que, três meses depois, entregou um estudo sobre o problema. Com base nos indícios, foi editada uma Instrução Normativa que resultou no cancelamento de mais de 2,4 milhões de autorizações de desconto em benefícios. Lupi também revelou que 10 associações concentravam 65% dos descontos e investiam agressivamente para atrair novos filiados.

O ministro destacou a dificuldade de controlar o assédio de associações a aposentados, dado o grande volume de pedidos de benefícios mensais e a dimensão do sistema previdenciário. Ele comparou a situação a ofertas de empréstimos que chegam antes mesmo da concessão da aposentadoria, reforçando a complexidade do problema.