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Equador retoma controle de prisões do país

O exército protege as prisões, onde houve várias fugas em massa que mancham o trabalho das autoridades

O Equador recuperou o controle de todas as prisões do país nas últimas horas. O exército fortemente armado entrou nas prisões e libertou as mais de 150 pessoas que estavam sendo mantidas reféns dentro de casa, incluindo guardas e funcionários administrativos. Pelo menos um oficial foi morto durante essas operações, que foram realizadas sem derramamento de sangue. Os prisioneiros foram colocados nos quintais, em fileiras e sentados, com os braços na nuca, em imagens que lembram as compartilhadas pelo presidente Nayib Bukele em El Salvador para demonstrar a derrota das gangues.

As gangues equatorianas, dedicadas ao narcotráfico em aliança com os cartéis mexicanos, exerciam o controle das prisões até agora, na verdade, a partir de seu interior, onde até recentemente seus principais líderes estavam detidos, eles gerenciam a organização, como se fosse um posto de comando. Alguns eventos sugerem que esse controle das prisões pode não ser tão eficaz quanto deveria ser. Do presídio de Esmeraldas, localizado em uma região de mesmo nome completamente cooptada pelo crime organizado, 48 detentos fugiram. Dois foram mortos durante uma perseguição. Nas primeiras horas da manhã de domingo, outras seis pessoas escaparam da penitenciária del Litoral, em Guayaquil, quando as autoridades deveriam ter recuperado o controle.

A onda de violência que começou há oito dias começou com a fuga de dois dos mais importantes líderes do país, José Adolfo Macías Villamar, conhecido como Fito, líder de Los Choneros, considerado o criminoso mais perigoso do Equador, e Fabricio Colón Picomembro de Los Lobos. Seguiu-se uma cadeia de ataques e atentações na tentativa do crime organizado de colocar as autoridades de joelhos. O assunto se intensificou: homens encapuzados invadiram a emissora pública TC Television, ameaçando jornalistas com armas e dinamite. O objetivo dessa ação é um mistério. A dezena de assaltantes, jovens, quase crianças, renderam-se assim que a polícia chegou ao local, não oferecendo resistência.

O presidente equatoriano, Daniel Noboa, declarou um conflito armado interno, o que implica a suposição de que há uma guerra dentro do país. Um toque de recolher foi decretado, das 23h às 5h, e o Exército patrulha as ruas. Neste período, segundo dados oficiais, há mais de 1.500 detidos, incluindo 158 acusados de “terrorismo”. Noboa decretou que as gangues sejam vistas como gangues, o que agrava as penas e dá às autoridades mais margem de manobra para enfrentá-las. Além disso, houve 41 operações contra esses grupos, durante as quais cinco suspeitos de crimes foram mortos, e 27 pessoas que permaneceram sequestradas foram libertadas.

A Presidência da República, em comunicado, garante que as operações vão continuar em todo o território nacional “com objetivo claro”. “Seja implacável com aqueles que amedrontaram e se aproveitaram dos cidadãos.” Noboa tem um enorme desafio, o de travar a violenta deriva que tomou conta do país nos últimos três anos. Até agora, outros dois presidentes, Lenín Moreno e Guillermo Lasso, assistiram impotentes (ou negligentes, dependendo de como você olha para isso) a uma deterioração da segurança em tempo recorde. No ano passado, a taxa de homicídios foi de 40 por 100 mil pessoas, uma das mais altas do mundo. No tempo do esquerdista Rafael Correa, de 2007 a 2017, caiu para 5,78, um dos mais baixos da região. A exceção equatoriana desapareceu num piscar de olhos.

Em pouquíssimo tempo, com a chuva de dinheiro que recebem por terem transformado o Golfo de Guayaquil no principal porto de exportação de cocaína do mundo, com sua saída para o Oceano Pacífico, as quadrilhas conseguiram uma preocupante infiltração dos principais poderes do Estado. Eles têm juízes de alta patente, promotores, policiais, políticos e militares em sua folha de pagamento. Eles controlam portos, bairros, mercados. Noboa tem que lidar com tudo isso com um orçamento muito limitado. Por isso, propôs aumentar o IVA de 12 para 15%, para fazer face à escassez de polícias e militares, mas o facto de não ter maioria no Congresso obriga-o a negociar com as restantes forças políticas, que não veem com bons olhos um aumento de impostos. O presidente também propôs a realização de um referendo, na última semana de fevereiro ou na primeira semana de março, para aprovar a extensão das penas para crimes graves, como homicídio e tráfico de armas, e as funções de segurança do Exército.

Por JUAN DIEGO QUESADA/ EL PAÌS

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