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Editorial Especial – 20 de Novembro: Do Quilombo à Constituição, Protagonismo Negro Sem Vitimismo

Nilo-Pecanha Editorial Especial – 20 de Novembro: Do Quilombo à Constituição, Protagonismo Negro Sem Vitimismo
Nilo Peçanha: quem foi o 1º e único presidente negro do Brasil/Foto: Divulgação/ Internet

Negros sempre foram protagonistas; confundir pautas religiosas com raciais e impor narrativas de vitimismo não é consciência, é intolerância.

 20 de Novembro: Consciência Negra e o Protagonismo Histórico.

O significado do 20 de novembro

O Dia da Consciência Negra é uma data de reflexão sobre a luta contra o racismo e a valorização da cultura afro-brasileira. Mais do que memória, é um convite para reconhecer o papel fundamental que homens e mulheres negros tiveram na construção de um Brasil moderno e plural.

No entanto, muitos movimentos sociais têm confundido o preconceito religioso com o preconceito racial, criando uma narrativa única que mistura fé e identidade. Essa confusão gera intolerância e reforça um excesso de vitimismo que não constrói consciência, mas sim obrigação. A verdadeira Consciência Negra não pode ser imposta — ela deve nascer do reconhecimento das conquistas, da valorização da história e da celebração do protagonismo negro.

Protagonistas negros antes e depois das cotas (em ordem cronológica)

  • Zumbi dos Palmares (1655–1695) – Líder do Quilombo dos Palmares, símbolo máximo da resistência contra a escravidão.

  • Luís Gama (1830–1882) – Advogado, jornalista e poeta, libertou centenas de escravizados por meio de ações jurídicas.

  • Maria Firmina dos Reis (1825–1917) – Primeira romancista negra do Brasil, autora de Úrsula, obra pioneira contra a escravidão.

  • André e Antônio Rebouças (século XIX) – Engenheiros e intelectuais negros, pioneiros em grandes obras de infraestrutura e defensores da abolição da escravidão.

  • Machado de Assis (1839–1908) – Considerado o maior escritor brasileiro, fundador da Academia Brasileira de Letras.

  • Nilo Peçanha (1909) – Primeiro presidente negro do Brasil, criador das escolas de aprendizes artífices.

  • Heráclito Carneiro Ribeiro (1931) – Primeiro presidente negro do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, jurista baiano e fundador da Faculdade de Direito de SC.

  • Antonieta de Barros (1930s–1950s) – Primeira deputada negra, defensora da educação pública e da emancipação feminina.

  • Enedina Alves Marques (1945) – Primeira engenheira negra do Brasil, pioneira em uma área dominada por homens brancos.

  • Grande Otelo (1915–1993) – Ator e humorista, ícone do cinema e da televisão brasileira.

  • Carolina Maria de Jesus (1914–1977) – Escritora, autora de Quarto de Despejo, retratando a vida na favela.

  • Milton Santos (1926–2001) – Geógrafo de renome mundial, premiado internacionalmente, referência no estudo da globalização.

  • Edson Arantes do Nascimento – Pelé (1940–2022) – O maior jogador de futebol da história, símbolo global do esporte e da excelência negra.

  • Benedita da Silva (1990s–2000s) – Primeira senadora negra do Brasil e ex-governadora do Rio de Janeiro.

  • Joaquim Barbosa (2003–2014) – Primeiro ministro negro do Supremo Tribunal Federal e presidente da Corte.

  • Marta Vieira da Silva (2000s–) – Eleita seis vezes melhor jogadora de futebol do mundo, ícone feminino do esporte.

  • Daiane dos Santos (2003–) – Primeira ginasta brasileira campeã mundial, referência internacional.

  • Entre várias personalidades no Brasil e no mundo.

O debate sobre cotas e militância

  • Defensores das cotas: veem como reparação histórica e instrumento de inclusão.

  • Críticos das cotas: argumentam que podem transmitir a ideia de que negros só avançam com ajuda, o que seria uma forma de inferiorizar.

  • Realidade: a desigualdade no Brasil é sobretudo social e econômica, atingindo negros de forma mais intensa, mas também afetando muitos brancos pobres.

Por que os movimentos se prendem à escravidão?

Grande parte dos movimentos sociais ainda se concentra em narrativas ligadas à escravidão e à figura de Zumbi dos Palmares. Embora Zumbi seja um símbolo legítimo de resistência, essa ênfase exclusiva pode gerar dois efeitos:

  • Redução da identidade negra ao sofrimento: como se a história fosse apenas dor e injustiça.

  • Apagamento das conquistas: líderes, intelectuais, juristas, engenheiros, escritores, atletas e presidentes negros que construíram o Brasil ficam em segundo plano.

Sair do vitimismo pode doer, mas é necessário. Não se pode enterrar um passado de glória em detrimento de um sentimento de injustiçado. A verdadeira consciência negra deve ser também uma celebração de grandes feitos e contribuições.

Reflexão editorial

O 20 de novembro deve ser um dia de celebração do protagonismo negro, não de vitimismo.

  • Zumbi, Luís Gama, Maria Firmina, André Rebouças, Machado de Assis, Nilo Peçanha, Antonieta de Barros, Enedina Alves, Milton Santos, Pelé, Benedita da Silva, Joaquim Barbosa, Marta e Daiane dos Santos provam que negros já foram líderes, intelectuais, engenheiros, escritores, atletas e juízes em épocas muito mais adversas.

  • O desafio atual é construir um Brasil melhor, forte e próspero, onde a luta não seja por rótulos ou retóricas, mas por oportunidades reais para todos.

  • Consciência não é imposição. Quando se força narrativas de vitimismo ou se confunde religião com raça, o efeito é intolerância. A verdadeira consciência é liberdade, protagonismo e igualdade — como já prevê o artigo 5º da Constituição: “Todos são iguais perante a lei”.

Conclusão

O Dia da Consciência Negra é uma oportunidade para reconhecer que o povo negro sempre foi protagonista na política, na ciência, na educação, na literatura, no esporte e na Justiça. Não precisamos de narrativas que inferiorizem, mas sim de uma luta coletiva por um Brasil mais justo, inclusivo e próspero.

 

Por Jorge Ramos – Jornalista, comentarista político, articulista e cronista, consultor financeiro e securitário. Graduado em Administração/Gestão Pública e pós-graduado em Direito Constitucional.

 

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