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Crise hídrica em Americana: incompetência? Omissão e a sanha pela concessão

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Foto: Divulgação/ Arte VVB SP News

Gestão falha, falta de transparência e tentativa de privatização em meio à crise hídrica expõem o verdadeiro colapso político e administrativo em Americana — porque concessão não faz água cair do céu.

Americana vive uma crise hídrica sem precedentes na Região Metropolitana de Campinas (RMC). A escassez de água, a distribuição irregular e até a necessidade de comprar água de cidades vizinhas por caminhões-pipa revelam a fragilidade do sistema gerido pelo DAE (Departamento de Água e Esgoto). Embora outras cidades da RMC também enfrentem desafios, Americana se destaca pela intensidade do problema e pela dependência crítica do Rio Piracicaba, cuja vazão está em níveis alarmantes.

O DAE, autarquia responsável pelo abastecimento, não apenas falha em garantir água de qualidade e em quantidade suficiente — como também já emprestou dinheiro ao município para cobrir a folha de pagamento do funcionalismo. E esse fato não representa uma deficiência, mas sim uma evidência clara de que o DAE é extremamente viável e rentável, desde que seja bem administrado e respeitado em sua finalidade pública. Trata-se de uma autarquia com fluxo de caixa sólido, que poderia ser protagonista na solução da crise — se houvesse gestão de verdade.

O próprio prefeito, em fala pública, admitiu que o decreto de situação de emergência hídrica foi motivado pela falta de abastecimento, e não por uma seca extrema ou fenômeno climático fora do comum. A fala, nesse caso, foi honesta e direta, reconhecendo o problema. No entanto, porém parte de sua equipe e a chamada mídia festiva da cidade parecem empenhadas em maquiar a realidade, suavizando a gravidade da situação e desviando o foco da responsabilidade administrativa. O que deveria ser uma postura de enfrentamento e busca por soluções concretas acaba se tornando uma tentativa de blindagem política — justamente quando a população exige clareza e ação.

Essa proposta de concessão é vendida como solução mágica. Mas é preciso dizer com todas as letras: privatizar não faz chover. A baixa do Rio Piracicaba não será resolvida por uma empresa privada, tampouco os problemas estruturais causados por anos de negligência. Essa “conversa mole” subestima a capacidade intelectual da população, que já entendeu que o problema é de gestão — não de modelo.

Além disso, o crescimento desordenado da cidade, com aumento de prédios e da população sem qualquer estudo de impacto hídrico futuro, agrava ainda mais a situação. E pior: desde 2017 existe uma Lei Municipal de Reuso inteligente de Água, de autoria do então vereador à época o Sr. Guilherme Tiosso, que poderia ter sido aplicada para mitigar os efeitos da escassez. Se essa legislação tivesse sido colocada em prática à época, muito do que hoje se vive poderia ter sido evitado. Soluções existiam — e ainda existem — mas exigem gestão de verdade, com compromisso e responsabilidade humana.

E pensar que o DAE, autarquia pública com função essencial para o abastecimento da cidade, já socorreu financeiramente o município em diversas ocasiões, inclusive emprestando recursos para cobrir a folha de pagamento. Isso revela não fragilidade, mas capacidade financeira e institucional, que poderia ser canalizada para modernizar o sistema hídrico e ampliar a segurança do abastecimento. Ver essa mesma autarquia hoje tão mal gerida, desorganizada e politicamente instrumentalizada, é no mínimo triste e revoltante. A pergunta que fica é: como uma entidade que já foi capaz de sustentar o município em momentos críticos chegou a esse estado de colapso operacional e institucional?

Enquanto isso, a chamada oposição na Câmara, mesmo em menor número, tem se mostrado mais eficaz e combativa do que os 14 a 15 vereadores da base governista, que atuam com subserviência e falta de preparo diante de uma crise que afeta vidas reais. A população paga caro — literalmente — pela incompetência generalizada de quem não está preparado para liderar com responsabilidade.

E como se não bastasse, parte da mídia local — a chamada mídia festiva — tenta suavizar os fatos, passando pano para a gestão e reproduzindo discursos oficiais sem o mínimo de senso crítico. Em vez de informar, atua como vitrine institucional, contribuindo para a desinformação e enfraquecendo o debate público.

Os riscos da concessão:

  • Tarifa mais alta: O custo da água pode subir, penalizando ainda mais os moradores.

  • Menor controle público: A cidade perde autonomia sobre decisões estratégicas.

  • Contratos de longo prazo: Uma concessão mal planejada pode comprometer o futuro da cidade por décadas.

A crise hídrica em Americana não é apenas um problema de escassez — é o pano de fundo de uma disputa política e administrativa que pode definir o futuro da cidade. E a população, cada vez mais consciente, não aceita ser tratada como massa de manobra.

É hora de separar os homens dos meninos. A cidade precisa de liderança de verdade — com coragem, competência e compromisso com as pessoas. Porque água não é mercadoria: é vida!

Por Jorge Ramos Jornalista, articulista e cronista, comentarista político, consultor financeiro e securitário. Graduado em Administração/Gestão Pública e pós-graduado em Direito Constitucional.

 

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