
Impasse entre Hugo Motta e Davi Alcolumbre expõe racha entre Câmara e Senado e trava projetos estratégicos no Congresso
Nos corredores do Congresso Nacional, o clima é de tensão. A relação entre o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), e o presidente da Comissão do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), azedou o pé do frango de vez — e o impasse entre os dois está travando pautas estratégicas para o governo e para o Legislativo.
O estopim: a PEC da Blindagem
A crise ganhou força após o Senado enterrar a chamada PEC da Blindagem, proposta que buscava limitar investigações contra parlamentares. A articulação da proposta foi atribuída a Motta, que viu sua iniciativa ser rejeitada publicamente por Alcolumbre, gerando desconforto entre deputados e senadores.
Fontes próximas aos dois afirmam que o clima entre eles é de “gelo absoluto”. Em eventos recentes, os dois sequer trocaram cumprimentos, e reuniões para tentar recompor a relação foram canceladas de última hora.
Pautas travadas
Com o racha, projetos como a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil e a anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro ficaram sem avanço. Deputados alegam que a pauta “contaminou” o ambiente político, e senadores passaram a tocar projetos paralelos — como o texto alternativo do IR relatado por Renan Calheiros — sem consultar a Câmara.
Tentativas de apaziguamento
Hugo Motta tentou minimizar o conflito em declarações públicas: “O Senado se posicionou e bola pra frente. Isso é natural da democracia”. Mas nos bastidores, aliados dizem que ele se sentiu traído por Alcolumbre, com quem vinha atuando em dobradinha em pautas econômicas.
Já Alcolumbre, segundo interlocutores, avalia que Motta tentou empurrar uma proposta polêmica sem o devido respaldo político, e que o Senado não poderia arcar com o desgaste.
Efeito dominó
A crise entre os dois líderes pode comprometer a tramitação da Lei Orçamentária Anual (LOA) e outras medidas fiscais que dependem de sintonia entre Câmara e Senado. A equipe econômica do governo acompanha com preocupação, temendo que o impasse atrase votações essenciais para o equilíbrio das contas públicas.
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