Artigo de opinião: Memória Curta, A Hipocrisia da Esquerda e o Clamor por “Sem Anistia”

Nos últimos tempos, temos visto um aumento nos movimentos e palavras de ordem clamando por “sem anistia” no Brasil. Militantes de esquerda têm se manifestado contra a concessão de anistia a figuras políticas envolvidas em escândalos e crimes. No entanto, essa postura levanta uma questão importante: será que esses militantes se esqueceram de que muitos dos políticos que hoje estão no poder foram beneficiados pela anistia do passado?

A Anistia do Passado

A Lei da Anistia, promulgada em 1979, foi um marco na história do Brasil. Ela permitiu o retorno de exilados políticos, a libertação de presos políticos e a reintegração de funcionários públicos que haviam sido afastados por motivos políticos durante o regime de exceção a “ditadura militar”. Muitos dos líderes políticos que hoje ocupam cargos de destaque foram beneficiados por essa lei, que visava promover a reconciliação nacional e a transição para a democracia.

A Hipocrisia do Clamor por “Sem Anistia”

O clamor atual por “sem anistia” parece ignorar o contexto histórico e a importância da anistia para a construção da democracia brasileira. É irônico que aqueles que hoje se beneficiam da liberdade e dos direitos conquistados graças à anistia do passado sejam os mesmos que agora se opõem à concessão de anistia a outros. Essa postura revela uma memória curta e uma falta de coerência por parte dos militantes de esquerda.

Reflexões e Desafios

É fundamental refletir sobre a importância da anistia e seu papel na construção de uma sociedade democrática e justa. A anistia não deve ser vista como um instrumento de impunidade, mas como uma ferramenta para promover a reconciliação e a justiça. No entanto, é igualmente importante garantir que aqueles que cometem crimes sejam responsabilizados por suas ações, independentemente de sua filiação política.

Citação do Show

Um exemplo recente dessa hipocrisia foi visto no show dos cantores Caetano Veloso e Maria Bethânia, realizado no Allianz Parque, em São Paulo, no domingo, 15 de dezembro. O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, foi recebido pelo público aos gritos de “sem anistia”. Esse coro foi repetido após o show, quando Moraes deixou a plateia.

Conclusão

O debate sobre a anistia é complexo e exige uma análise cuidadosa do contexto histórico e das implicações para o futuro. É essencial que os militantes de esquerda e todos os cidadãos brasileiros reflitam sobre a importância da anistia e busquem soluções que promovam a justiça e a reconciliação, sem esquecer as lições do passado.

Jorge Ramos é Jornalista, Comentarista Político, Consultor Financeiro e Securitário, Graduado em Administração/Gestão Pública e Pós Graduado em Direito Constitucional