
Durante a CPMI do INSS, o senador Marcos Rogério expõe contradições e ironiza depoente que tenta justificar fraudes em benefícios previdenciários — “A culpa é do morto?”
Durante sessão da CPMI do INSS, o senador Marcos Rogério protagonizou um dos momentos mais contundentes da investigação ao confrontar o presidente da CONAFER, Carlos Roberto Ferreira Lopes, sobre os descontos indevidos em aposentadorias. O que se viu foi um depoimento repleto de evasivas, contradições e tentativas de terceirizar responsabilidades — a ponto de o senador ironizar: “A culpa é do defunto?”
A frase não foi gratuita. O senador reagia à revelação de que beneficiários já falecidos teriam sido “aderidos” a serviços da associação, gerando descontos mensais em seus benefícios. Ao ser questionado, o depoente tentou transferir a responsabilidade ao INSS, alegando que se o sistema validou, então estava tudo certo. A resposta provocou indignação e escárnio: “A culpa é do morto?”, disparou Marcos Rogério.
Um esquema bilionário com aparência de legalidade
Segundo o presidente da CPMI, senador Carlos Viana, o esquema não foi obra de amadores. “Estamos lidando com pessoas que têm somas bilionárias nas contas, escritórios de contabilidade caríssimos que ajudaram a maquiar todas as operações, escritórios de advocacia que também orientaram dentro da legislação para que tudo tivesse aparência de legalidade”.
A investigação aponta para uma rede estruturada de fraudes, com uso de acordos de cooperação técnica (ACTs) firmados de forma acelerada e suspeita, movimentações financeiras incompatíveis com os serviços prestados e aquisição de bens de alto valor — como imóveis e aeronaves — pagos à vista e sem origem clara dos recursos.
O silêncio como estratégia
Carlos Roberto Ferreira Lopes, presidente da CONAFER, foi convocado como testemunha, mas evitou responder perguntas objetivas, escorando-se no direito de permanecer em silêncio. A estratégia, embora legal, foi interpretada como tentativa de blindagem. O senador Carlos Viana chegou a pedir a prisão de outro envolvido, o advogado Nelson Wilians, por obstrução e omissão de informações relevantes.
O impacto nos mais vulneráveis
O que está em jogo não é apenas o desvio de recursos públicos, mas o ataque direto aos mais pobres e vulneráveis — aposentados e pensionistas que tiveram seus benefícios descontados indevidamente, sem consentimento ou sequer conhecimento. A CPMI busca rastrear os saques em dinheiro, as transferências entre empresas de fachada e os beneficiários finais dessa engrenagem de corrupção.
A pergunta que ecoa
A ironia de Marcos Rogério — “A culpa é do morto?” — resume o absurdo da situação. O depoente, diante de provas documentais, registros de adesões fraudulentas e movimentações financeiras suspeitas, tentou se esquivar com justificativas que beiram o surreal. A frase virou símbolo da CPMI: não se pode culpar o morto por um golpe tão bem articulado.
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