Ministro da Saúde critica restrições impostas pelos EUA e afirma que medida compromete atuação do Brasil em fóruns internacionais
Por Jorge Ramos
Brasília — O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, anunciou a desistência de sua viagem aos Estados Unidos, onde participaria da 80ª Assembleia Geral da ONU e de uma reunião da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), após receber restrições severas de circulação impostas pelo governo Donald Trump.
Segundo Padilha, o visto diplomático concedido pelos EUA limitava sua movimentação a poucos quarteirões em Nova York, impossibilitando sua presença em Washington, onde ocorrerá o encontro da OPAS. Além disso, os vistos de sua esposa e filha de 10 anos foram cassados, o que ele classificou como uma medida “arbitrária e autoritária”.
Em carta enviada aos ministros da saúde dos países membros da OPAS, Padilha criticou duramente a decisão americana, afirmando que ela viola o Acordo de Sede com a ONU e compromete a atuação do Brasil em fóruns internacionais. “O efeito imediato das restrições que me foram impostas é impedir a plena participação do Brasil em órgãos das Nações Unidas sediados nos Estados Unidos”, escreveu.
O ministro destacou que a medida interfere diretamente em negociações bilaterais com países do Mercosul, BRICS e G20, além de prejudicar acordos com laboratórios internacionais e instituições de pesquisa que visam fortalecer o Sistema Único de Saúde (SUS). “Seremos privados de anunciar mais um passo na colaboração brasileira para o Fundo Rotatório e o Fundo Estratégico da OPAS, que garantem vacinas e medicamentos oncológicos mais baratos para toda a América”, afirmou.
O Itamaraty acionou o comando da ONU para intervir no caso, buscando reverter as restrições impostas. Padilha encerrou sua carta reafirmando o compromisso do Brasil com a saúde pública, a ciência e a democracia, e repudiando qualquer tentativa de enfraquecimento da OPAS e da Organização Mundial da Saúde (OMS).
A ausência de Padilha na comitiva presidencial liderada por Luiz Inácio Lula da Silva marca um episódio tenso nas relações diplomáticas entre Brasil e Estados Unidos, especialmente em um momento em que o país ocupa posições estratégicas em blocos internacionais.
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