
Quando o cidadão que sustenta o paÃs decide parar de fingir que participa.
Por Jorge Ramos
O Brasil vive um paradoxo cruel: enquanto se proclama democrático, trata o cidadão como figurante. O voto, vendido como instrumento de mudança, virou moeda de troca para manter no poder os mesmos de sempre — os que negociam o futuro como se fosse mercadoria, os que vivem de privilégios e narrativas, os que se alimentam da máquina pública sem jamais terem conhecido o peso do trabalho real.
A esquerda, que se apresenta como guardiã da moral, não tem projeto de paÃs. Seu único plano é o poder pelo poder — sustentado por vingança ideológica e desprezo por quem constrói com esforço aquilo que ela nunca entendeu. Quem discorda é extremista. Quem questiona é golpista. Quem trabalha e quer menos imposto é inimigo do povo. Mas o povo real — aquele que acorda cedo, que paga boleto, que sustenta a máquina — já não acredita nesse discurso.
Enquanto isso, pautas econômicas essenciais estão travadas no Congresso. Reforma tributária, aposentadoria dos militares, supersalários, falências, mercado financeiro — tudo parado. Tudo negociado. Tudo adiado. E o Judiciário, que deveria ser imparcial, se vê envolvido em disputas polÃticas e blindagens institucionais que pouco têm a ver com justiça.
A democracia virou vitrine. O voto virou ilusão. E o cidadão, esse que carrega o paÃs nas costas, já não vê sentido em participar de um jogo onde as regras mudam conforme a conveniência de quem está no poder.
Este artigo não é um chamado à revolta. É um registro de exaustão. Uma carta de renúncia à ilusão democrática. Um grito que não quer eco — só quer ser ouvido, uma vez.
Porque às vezes, desistir não é fraqueza. É sanidade diante de um sistema que não quer mudar.
Jorge Ramos é jornalista, articor financeiro e securitário,ulista e cronista, consult graduado em Administração/Gestão Pública e pós-graduado em Direito Constitucional.
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