Câmara de Americana vota reforma da Lei Orgânica para permitir terceirização do DAE — no mesmo horário do julgamento de Bolsonaro no STF

Americana, SP — 2 de setembro de 2025. Em uma movimentação que levanta suspeitas sobre sua motivação, a Câmara Municipal de Americana convocou uma sessão extraordinária para votar uma proposta de emenda à Lei Orgânica que pode abrir caminho para a terceirização dos serviços do Departamento de Água e Esgoto (DAE). A sessão está marcada para as 9h da manhã, exatamente no mesmo horário em que o Supremo Tribunal Federal inicia o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e outros réus por tentativa de golpe de Estado.

A proposta, de autoria do Executivo municipal, visa revogar o artigo que proíbe a concessão dos serviços de água e esgoto à iniciativa privada, o que pode representar uma mudança profunda na gestão do saneamento básico da cidade. A medida tem gerado forte reação de servidores públicos e sindicatos, que alertam para o risco de precarização dos serviços e perda de direitos trabalhistas.

Coincidência ou estratégia?

A escolha do horário da votação não passou despercebida. Com o país inteiro voltado para o julgamento de Bolsonaro — transmitido ao vivo por diversos canais e acompanhado por milhões de brasileiros — há quem veja na decisão da Câmara uma tentativa de esvaziar a atenção pública local e evitar mobilizações populares contra o projeto.

“É uma jogada clássica: marcar uma votação polêmica no exato momento em que todos estão distraídos com um evento nacional. Isso não é coincidência, é cálculo político”, afirmou um representante do sindicato dos servidores, que convocou a população a comparecer à Câmara mesmo diante da sobreposição de agendas.

Reações e próximos passos

Nas redes sociais, moradores de Americana já começaram a se manifestar, cobrando transparência e criticando o que chamam de “manobra sorrateira”. A expectativa é de que a sessão seja marcada por protestos e discursos acalorados, tanto dos vereadores contrários à proposta quanto da sociedade civil organizada.

Enquanto isso, o julgamento de Bolsonaro promete dominar os noticiários, o que pode dificultar a cobertura da votação local por veículos de imprensa regionais.