
Quando a manchete oficial tenta pintar o Banco do Brasil como militante: jornalismo de Estado ou panfleto disfarçado de notícia?
Por Redação — 24 de agosto de 2025
A manchete publicada pela Agência Brasil — “BB tomará providências judiciais após ataques bolsonaristas” — reacende um debate essencial sobre o papel da imprensa pública em tempos de polarização. Ao adotar um termo politicamente carregado para qualificar postagens nas redes sociais, o veículo oficial de comunicação do governo federal levanta dúvidas sobre sua imparcialidade editorial — e sobre o risco de transformar uma instituição técnica como o Banco do Brasil em agente de disputa ideológica.
O Banco do Brasil, em sua nota oficial, não menciona partidos, figuras públicas ou movimentos. A instituição se limita a repudiar postagens com informações falsas sobre bloqueios de ativos e sanções internacionais, classificando-as como “inverídicas e maliciosas” com potencial de causar pânico financeiro. A resposta é jurídica, institucional e respaldada pela Lei 7.492/1986, que trata de crimes contra o sistema financeiro nacional.
No entanto, o enquadramento editorial da Agência Brasil — ao usar o termo “ataques bolsonaristas” — imprime uma leitura política sobre um episódio que, até então, era tratado como questão de reputação e segurança financeira. Essa escolha levanta uma preocupação legítima: estão os repórteres da agência convencidos de que esse tipo de linguagem é jornalisticamente aceitável, ou foram convencidos a adotá-la como parte de uma linha editorial alinhada ao governo de turno?
A Agência Brasil tem uma longa trajetória de serviço público, com reconhecimento por sua isenção, credibilidade e compromisso com a informação de interesse coletivo. Justamente por isso, o uso de termos ideologicamente marcados em suas manchetes causa estranhamento. A fronteira entre informar e narrar é tênue — e quando cruzada, pode comprometer a confiança do cidadão na neutralidade da comunicação estatal.
O Banco do Brasil é uma entidade centenária, com atuação em mais de 20 países e reputação construída sobre governança, estabilidade e responsabilidade institucional. Enquadrá-lo como parte de um embate político, por meio de linguagem editorial, não apenas distorce os fatos como fragiliza o papel da imprensa pública como mediadora confiável da realidade.
Em tempos de desinformação e radicalização, o jornalismo oficial precisa ser ainda mais rigoroso com suas palavras. O cuidado com a linguagem não é apenas uma questão de estilo — é uma questão de responsabilidade democrática.
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