
Escândalo de corrupção abala o PSOE com a prisão de Santos Cerdán, acusado de receber propinas milionárias em esquema no Ministério dos Transportes. Governo tenta conter danos políticos
Santos Cerdán, ex-secretário de organização do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), foi preso preventivamente sem direito a fiança pelo juiz do Tribunal Supremo da Espanha, Leopoldo Puente. Cerdán responde por tráfico de influência, corrupção e participação em organização criminosa, em um dos maiores escândalos políticos enfrentados recentemente pelo governo de Pedro Sánchez.
Esquema milionário no Ministério dos Transportes
A acusação indica que Cerdán era o responsável por cobrar propinas dentro de um esquema ilícito instalado no topo do Ministério dos Transportes, envolvendo também o ex-ministro José Luís Ábalos e seu assessor Koldo García. Segundo o juiz, há indícios de que Cerdán tenha movimentado mais de cinco milhões de euros em “mordidas” (comissões ilegais).
A prisão foi decretada em caráter incondicional, diferentemente do tratamento dado a outros envolvidos, devido ao risco de destruição de provas.
De figura-chave do PSOE à cela de 10m²
A prisão de Cerdán foi recebida com comoção dentro do PSOE. Até duas semanas antes, ele ainda ocupava o cargo de secretário de organização e era considerado homem de confiança do presidente Sánchez. Cerdán foi peça central na articulação da moção de censura que derrubou o governo de Mariano Rajoy em 2018, além de ter negociado diretamente com partidos como o Junts para consolidar a atual legislatura.
Após prestar depoimento negando ter recebido qualquer quantia ilícita — “não recebi nem um duro:(Centavo)”, afirmou — Cerdán foi enviado à prisão de Soto del Real, mesma onde já estiveram nomes como Luís Bárcenas e Rodrigo Rato. A defesa alega perseguição política, mas o juiz descartou manipulações nos áudios apresentados como prova.
Reações políticas e possível reestruturação no PSOE
Pedro Sánchez soube da prisão de seu aliado durante uma coletiva de imprensa na cúpula da ONU em Sevilha. Ele tentou conter a crise política, afirmando que o partido tem agido com responsabilidade e que agora cabe à Justiça atuar com independência.
Com a crise instalada, é esperada uma reestruturação no comitê federal do PSOE, marcada para este sábado. Há pressão tanto interna quanto da oposição para que o partido se posicione com mais firmeza.
Clima tenso no Parlamento
O Partido Popular (PP) aproveitou o escândalo para reforçar seu discurso contra o chamado “sanchismo”. Em tom incisivo, a deputada Cuca Gamarra declarou: “O sanchismo vai caminho da cadeia”, num comentário que repercutiu fortemente nas redes.
Tradução: Jorge Ramos/ Fonte: EL PAIS/ES
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