
Movimentação se deu por meio de bancos digitais não autorizados pelo BACEN hospedados em instituições autorizadas
Na manhã desta quarta-feira, 28 de julho, a Polícia Federal desencadeou a Operação Concierge, com o objetivo de desarticular uma organização criminosa suspeita de cometer crimes contra o sistema financeiro e lavagem de dinheiro por meio de bancos digitais não autorizados pelo Banco Central do Brasil (BACEN), hospedados em grandes instituições financeiras.
As investigações revelaram que a organização operava dois bancos digitais, conhecidos como fintechs, que ofereciam abertamente, inclusive em sites da internet, contas clandestinas. Essas contas permitiam transações financeiras dentro do sistema bancário oficial, de maneira oculta, sendo utilizadas por facções criminosas, empresas com dívidas trabalhistas e tributárias, entre outros fins ilícitos.
Essas contas clandestinas, hospedadas em bancos regulares e autorizados pelo BACEN, movimentaram R$ 7,5 bilhões. Anunciadas como “contas garantidas”, elas eram consideradas invisíveis ao sistema financeiro, blindadas contra ordens de bloqueio, penhora e rastreamento, e funcionavam por meio de contas bolsões, que não apresentavam conexão direta entre remetentes e destinatários, nem entre correntistas e os bancos de hospedagem.
Durante as investigações, a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) denunciou o esquema ao Ministério Público Federal, o que foi incluído no inquérito policial.
Além das contas bolsões, a organização criminosa utilizava máquinas de cartão de crédito registradas em nome de empresas de fachada, desvinculadas dos verdadeiros usuários, permitindo a lavagem de dinheiro e o pagamento de atos ilícitos de forma oculta.
O trabalho investigativo conseguiu identificar e vincular todos os envolvidos nas atividades ilícitas da organização, seja no apoio logístico, financeiro ou operacional, atingindo o núcleo de funcionamento do esquema e possibilitando a responsabilização tanto dos líderes quanto daqueles que forneceram suporte logístico.
Estão sendo cumpridos 10 mandados de prisão preventiva, 7 mandados de prisão temporária e 60 mandados de busca e apreensão, expedidos pela 9ª Vara Federal em A operação ocorre na em Campinas e região, nos estados de São Paulo e Minas Gerais. A operação conta com a participação de 200 policiais federais.
Além das prisões e buscas, a Justiça determinou a suspensão das atividades de 194 empresas envolvidas na dissimulação das transações, a suspensão da inscrição de dois advogados na OAB (um em Campinas e outro em Sorocaba), a suspensão do registro de contabilidade de quatro contadores (dois em Campinas, um em São Paulo e outro em Osasco), e o bloqueio de R$ 850 milhões em contas associadas à organização criminosa.
Entre os locais alvo das buscas estão as sedes dos bancos que hospedavam as fintechs ilegais e que não notificaram o COAF sobre as transações suspeitas, além de instituições administradoras de cartões de crédito.
A Receita Federal, por meio de autorização judicial, iniciou medidas fiscais durante as buscas nas sedes das empresas investigadas.
Os envolvidos poderão ser responsabilizados por crimes como gestão fraudulenta de instituição financeira, operação de instituição financeira não autorizada, evasão de divisas, ocultação de capitais (lavagem de dinheiro), crimes contra a ordem tributária e participação em organização criminosa.
O nome da operação, Concierge, é uma referência ao termo francês que denomina o profissional responsável por atender necessidades específicas de clientes, aludindo aos serviços clandestinos de ocultação de capitais oferecidos pela organização criminosa na cidade de Campinas.
Fonte: Delegacia de Polícia Federal em Campinas
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